
Como O Isolamento Social Tem Afetado A Saúde Mental Dos Adolescentes
Todas as etapas da vida têm suas características peculiares e a forma como o isolamento social vai afetar a cada etapa será diferente. De fato, o isolamento social tem afetado diretamente tanto idosos, adultos, adolescentes e crianças. Pesquisas estão apontando que a pandemia tem aumentado muito os casos de transtornos mentais em jovens e adolescentes, sendo essa a população mais afetada pelo isolamento social.
Em relação aos adolescentes, especialmente, por ser uma fase em que o grupo é extremamente importante para a socialização, construção de identidade social e sentimento de pertencimento, o isolamento provocado pela pandemia vem interferindo demasiadamente, interrompendo este exercício grupal. A escola, as festas e os encontros sociais são atividades fundamentais para o desenvolvimento emocional dos jovens, que com o isolamento social ficam prejudicados. Na contrapartida, em casa, os jovens que têm acesso à tecnologia ficam mergulhados em um mundo digital, sem interação familiar, escondidos em seu mundo particular. Os que não têm a tecnologia para se refugiar, da mesma forma tem desenvolvido sintomas de apatia e ansiedade. Como a adolescência é uma fase em que o cérebro ainda não está totalmente desenvolvido e, por consequência, muito sensível e vulnerável a todo tipo de experiências; sem o apoio do grupo de iguais, professores e familiares, os jovens podem desenvolver transtornos emocionais como ansiedade excessiva, automutilações, depressão, síndrome do pânico, autoagressão e até suicídio, para citar alguns dos transtornos que as pesquisas têm mostrado como mais frequentes.
O isolamento social pode gerar tristeza, ansiedade, depressão e estresse justamente por impedir que as pessoas se encontrem, troquem experiências, histórias e emoções. As relações de verdade não são totalmente substituídas pelos contatos via chats de conversa dos smartphones. A falta de contato direto, verdadeiro e físico pode trazer, principalmente em quem tenha mais predisposição, primeiro desânimo acompanhado de sentimentos de tristeza e consequente depressão.
A ameaça da morte explicitamente provocada pela COVID 19, seja pelo medo de contrair a doença, ou de transmiti-la aos familiares, bem como a experiência do luto quando há perda de familiar ou pessoas próximas, provocam comportamentos defensivos de limpeza excessiva, medo de sair de casa, de estar perto de pessoas, que em suas fantasias, todas são potencialmente ameaçadoras. Essas reações podem evoluir para a Síndrome do Pânico e são desencadeadas principalmente pelo sentimento de ameaça de adoecimento gerada pela COVID 19, pois a ameaça de uma possível infecção viral tem feito as pessoas evitarem os espaços públicos e o contato com os demais.
- Como os pais podem ajudar caso os filhos tenham algum sintoma de depressão ou síndrome do pânico?
Estar atento aos filhos é uma premissa extremamente importante principalmente neste momento tão atípico que tem sido a pandemia desde 2020. Sinais de apatia, desânimo, falta ou excesso de apetite (distúrbios alimentares) e dificuldades com o sono podem ser indicadores de dificuldades que os adolescentes estejam passando neste momento ainda de isolamento social.
Acolher os jovens, buscando entender o que estão pensando e sentindo, dando voz a suas dúvidas, medos e angústias é uma maneira muito eficaz de apaziguar as fantasias e ajudá-los a elaborar todo este momento atípico que tem sido a pandemia pela qual estamos passando.
Pais, escola e cuidadores precisam estar atentos para perceber se o adolescente está passando por algum sofrimento e oferecer uma escuta acolhedora para ajudá-lo a superar dificuldades, elaborar as emoções e superar os desafios diários.
- Quais os possíveis efeitos que os adolescentes podem ter no pós-isolamento?
Sintomas como irritabilidade, sentimento de solidão, ansiedade generalizada e ansiedade social estão intimamente relacionados aos efeitos e impactos do isolamento social.
Outros transtornos, como transtornos alimentares e ideação suicida também têm sido observados nas pesquisas realizadas sobre o impacto do isolamento social em adolescentes e crianças.
Portanto, quanto mais atenção e acolhimento oferecermos para nossos jovens, mais rapidamente poderemos reestabelecer a saúde emocional e vitalidade próprias desta etapa da vida. E sempre quando pais, professores e cuidadores perceberem algum comportamento diferente e estiverem preocupados e/ou com dúvidas quanto a como agir em relação ao problema apresentado, não hesitem em buscar ajuda profissional na rede de apoio de saúde mental de sua localidade.
Tanto as autoridades públicas, como a comunidade médica e comunidade em geral, precisam estar atentos a nossas crianças e adolescentes, pois o futuro está nas mãos de nossos jovens.
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